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Foto do escritorLuís Peazê

Uma bolinha!


Observação: ilustrei uma bola de futebol porque tenho o maior carinho por este arquétipo, a "bola", e sempre a tratei com muita intimidade, sinestésica.


Os sorteios geralmente são feitos com bolinhas, caindo de um globo, de uma bola maior. Nascemos quase do mesmo jeito, uma bolinha jogada, neste caso dentro de outra bolinha. Nunca é uma questão de sorte, é probabilidade, vendo por um determinado ângulo; por outro, é o destino, um mar de complexidade. Mas podemos ver a vida como uma grande aposta, no futuro. Pois acabamos de nascer e milhões de células iniciam a mesma dança: morrem umas, nascem outras, em nosso próprio organismo, e ao redor… Por falar nisso, você sabe quanto custará apostar na sorte nas próximas eleições? Ou ainda, você sabe qual o tamanho, em dólares, do mercado de apostas no mundo? – E o que uma coisa tem a ver com a outra. Tudo.


Alguns números: quantos gomos há numa bola de futebol? No meu tempo sabíamos que eram 36, a bola era de couro, costurada, e naquela época, meados de 1970 jogando na categoria Infanto Juvenil do Sport Club Internacional, cheguei à insanidade de investigar qual a pressão de uma bola cheia de ar; era ali em torno de 12 psi. Hoje a bola que rola nos campos milionários mundo afora é bem diferente, embora a pressão seja quase a mesma para mobilizar parte de um dos mercados mais ricos do planeta: o mercado global de apostas esportivas, avaliado em 76,5 bilhões de dólares, em 2021 (dados da GrandView - especialista em estatísticas de mercado). A mesma fonte garante que este mercado nos próximos cinco anos aumentará a uma taxa de 10%. Aliás, a mesma fonte e outras do mesmo calibre informam que nem a COVID19 e nem a guerra da Rússia na Ucrânia impactaram negativamente aquelas performance e previsão.


Em Portugal, no Brasil, na Europa e no mundo, exceto nos USA, o futebol é o esporte mais popular, que atrai mais adeptos, torcedores, fanáticos ou apenas aproveitadores do grande espetáculo que nos últimos 20 anos adquiriu o status de arena de entretenimento. Onde consome-se de tudo, com o pretexto de se assistir, e apostar, um jogo de futebol. Em seguida competem e alternam-se dependendo do país e época do ano o Ténis, Basquete, Hóquei, Boxe, Cavalos e assim por diante.

São mais de 300 modalidades esportivas de competições regulamentadas por entidades poderosas, oficiais. Como a FIFA, UEFA e, sem esgotar o rol de ligas, a maior de todas em dinheiro, a Premier League. Esta é na verdade uma empresa, corporação em que cada clube, os 20 que disputam a coisa, são acionistas; movimenta 3 bilhões de libras em transmissões por TV e online, inigualavelmente para mais de 200 territórios, mais de 600 milhões de lares, perto de 5 bilhões de pessoas, paradas ali vendo aqueles atletas correndo atrás da bola. – No meu tempo era a bola que corria, mas isso é outra história.


Com a inserção das apostas online, da possibilidade de não apenas assistir a um jogo de futebol em qualquer lugar a qualquer momento, mas também inventar o seu próprio jogo com um time inventado por cada torcedor, adepto, usuário (os títulos para os consumidores não importam nada, seja você “eleitor/a”, ou “apostador/a”, ou “fanático/a”, não fazem a menor diferença).


No maior país da América do Sul, com uma população de 212 milhões de pessoas, 81% tem acesso à Internet (um parêntesis: fico a pensar que ter acesso à Internet é ser economicamente ativo, ter idade para utilizá-la, e assim pergunto e se a Internet fosse utilizada por cada usuário “aprender”, apreender a fractalização do conhecimento contextualizado? Complicado), logo esses 81% de usuários são peixinhos potenciais para serem pescados no mar de apostas.


Enquanto isso, aos poucos cada país foi legalizando o bicho. No Brasil nem o jogo do bicho nem qualquer jogo foi ainda legalizado, mas segundo os executivos interessados de plantão (i.e. advogados do ramo, legisladores, dirigentes de entidades esportivas) a legalização virá por lei antes das Eleições para presidente (com letra minúscula), que coincidirá com as vésperas da Copa do Mundo. Mesmo assim, o mercado de apostas é tão sedutor que há mais de 400 empresas do ramo investindo, correção, explorando o mercado de apostas no Brasil. O recurso da Internet e da grande rede www facilita o jogo em paraísos virtuais, enquanto não se pode abrir a banca a céu aberto no patropi.

Já em Portugal, tudo foi arrumadinho em 2015, e é regulamentado pelo Serviço de Regulação e Inspeção de Jogos. Ora bem, no útero do Turismo do Estado português.


Curioso é sabermos que as maiores empresas que fazem a gestão de apostas esportivas tem as suas sedes na Áustria, Suíça, Israel e outros países que, cá entre nós, não jogam nada, não tem intimidade com a bolinha.


Como último chute, pontapé final, arremesso fatal, tenho um palpite: haverá apostador que levará um chute no traseiro e ficará sem saber o que fazer nos próximos anos. A minha aposta é que somos apenas uma bolinha somente se assim o quisermos…




ABAIXO APENAS UMA ÚNICA EMPRESA QUE MANTÉM MARCAS DE APOSTAS, TODAS AS MARCAS ABAIXO SÁO DE UMA ÚNICA CORPORAÇÃO, PODEM APOSTAR:


Em seu website apresenta-se assim: A Entain plc (LSE: ENT) é um dos maiores grupos de apostas esportivas e jogos do mundo, operando online e no setor de varejo. Com residência fiscal no Reino Unido, com operações em um total de 31 territórios regulados ou reguladores, o Grupo emprega uma força de trabalho de mais de 25.000, em 20 escritórios em cinco continentes. Em dezembro de 2020, renomeamos nosso Grupo de GVC Holdings, para refletir nossa ambição de ser o líder mundial em apostas esportivas e entretenimento de jogos.








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