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Noticia e Informacao contextualizadas
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GAIA FIRST lixo marinho transformado em combustível de navio.

Com quantos Kg de lixo plástico você viaja de New York a Londres?


Há quase 10 anos o jornal The Guardian publicou um artigo relatando o volume e os principais emissores de poluentes na atmosfera entre os meios de transporte; automóveis, navios e aviões; estes dois últimos os maiores agressores ao meio ambiente, nomeadamente os oceanos e o problema não parou de aumentar.


A importância dos oceanos para a saúde dos seres vivos de todo o planeta começa por serem o berço da cadeia alimentar e a caixa de ressonância climática do planeta – e isto não é tudo, nem de longe . Em poucas palavras, a situação tem se agravado exponencialmente nas últimas décadas, segundo dados oficiais das Nações Unidas.


Nesse cenário identifica-se os plásticos como os piores vilões. Basta que coloquemos em perspetiva um facto, entre muitos: os oceanos absorvem o carbono e isso é positivo, mas o volume de lixo marinho tem contribuído para o aumento de zonas mortas nos oceanos. Lixo plástico em grandes proporções e grandes quantidades de carbono absorvido não só acidificam os oceanos como contribuem para a desoxigenação das águas tornando insustentável a vida submarinha. Daí um dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável estabelecidos pelas Nações Unidas em 2015, o ODS 14 – cuja redação oficial é:


“Conservar e usar de forma sustentável os oceanos, mares e recursos marinhos para o desenvolvimento sustentável”.


Procuramos a Organização Não Governamental GAIA FIRST, com sede em Paris e escritórios em vários países para ouvir o seu fundador e CEO, Sr. Gianni Valenti sobre seu projeto ambicioso de limpar o lixo plástico dos oceanos, transformá-lo em combustível verde na forma de H2 a alimentar navios que produzem eles mesmos o tal inovador combustível amigo do ambiente e de forma autossustentável, destacado na revista FORTUNE, aplaudido em sua palestra no TED nos respondeu durante a sua participação no evento ambientalista internacionalmente conhecido CHANGE NOW, em Paris.


Gianni vem corajosamente há anos insistindo na busca de investidores para seu projeto inovador. De início conquistou dois parceiros fundamentais, as empresas Breeze Ship Design e RINA, ambas renomadas na indústria de design e projetos navais respetivamente, com tudo pronto para iniciarem a construção de uma primeira unidade geradora de combustível à base Hidrogénio em navios que ao recolherem lixo plástico de grandes áreas dos oceanos, produzem a partir desse lixo sua própria energia para navegar. Como objetivo Gianni marcou no mapa-múndi a não menos dramática área conhecida mundialmente como “Great Pacific Garbage Patch / Grande Mancha de Lixo do Pacífico.”


À pergunta do subtítulo deste artigo Gianni respondeu:


- Para voar um 747 de New York a Londres, você vai precisar em torno de 73 toneladas de combustível, o equivalente a 24 toneladas de Hidrogénio produzido a partir de 158 toneladas de plásticos descartados.


oPONTO NEWS: A ONG GAIA FIRST é mais ou menos recente, fundada em 2020, por favor conte-nos por que e como decidiu encarar tal ambicioso projeto, foram as empresas BREEZE e RINA o grande empurrão e alavanca para o projeto de navios movidos a H2? Como avalia o seu próprio desempenho até o momento?

Gianni: Sim, GAIA FIRST foi fundada em maio de 2020, exatamente há dois anos. Sempre fui uma espécie de inventor e inovador, tentando aplicar tecnologias funcionais em diversificadas mercados, mas foi em 2016 que eu tive a oportunidade de conversar com engenheiros da NASA, eles trabalhavam com sistemas de gaseificação para recuperar energia consumida no espaço. Aquilo despertou minhas elaborações e meu amor pela natureza dirigiu o meu foco para os oceanos. A questão não era resolver um problema com uma solução, mas resolver vários problemas com uma versão otimizada.



Nos oceanos temos vários problemas devido à presença das manchas gigantes de lixo: perda de biodiversidade, mudança climática, poluição pelo plástico e microplástico e bloqueio de sumidouros de carbono. Ao mesmo tempo a indústria do mar encara as seguintes questões: precisa encontrar uma solução de transporte com carbono zero, precisa produzir Hidrogénio de modo ambientalmente sustentável, precisa combater os resíduos de origem marinha de forma sustentável. O projeto GAIA FIRST de navios atacará todas essas questões de uma maneira funcional e mensurável.


Sim, a Breeze Ship Design e a RINA foram um grande avanço, pois ambos são nomes renomados em seu setor industrial, mas eu já havia desenhado todo o projeto sobre produção e uso de Hidrogénio, então ambos se alinharam ao projeto inicial trazendo conhecimento e poder de pesquisa para a mesa. Acredito que os resultados estão acontecendo razoavelmente rápidos, mas estarei mais certo quando obtiver os 750K€ necessários para completar a fase R&D em que estamos atualmente.


oPONTO NEWS: Se entendi bem, o projeto GAIA FIRST pode ser resumido como: "converter lixo (neste caso apenas plástico?) em energia e objetivar a “Grande Mancha de Lixo do Pacífico”. Pode explicar como o sistema funciona, o sistema ou navio produz energia suficiente para mover-se e algum estoque extra, para outra máquina ou veículo? Por exemplo, se não houver lixo suficiente no horizonte, o navio seria capaz de continuar sua travessia para qualquer que seja o seu destino original? O projeto está desenhado apenas para “limpar algumas áreas " do oceano ou há outra avenida de aplicação?


Gianni: Atualmente todos os desenvolvimentos serão focados na conversão sem combustão de materiais ricos em carbono (tais como plásticos, mas não somente estes) para combustível carbono zero, como o Hidrogénio (ou Amónia). Isto será feito através de um sistema otimizado de gaseificação (ou eletrólise química) e alguma forma de pirólise. Os detalhes nesta fase não podem ser revelados, mas o produto final será essencialmente gás Hidrogénio e Carbono sólido.


A ideia é produzir energia suficiente até o final do sistema, para equilibrar a demanda de energia para o sistema de conversão e a demanda do navio. Um excedente de combustível deve também ser produzido para sustentar a operação de produção de modo a mover-se de uma “área de acumulação de lixo” para outra, ou recarregar os navios em áreas costeiras.


O projeto está desenhado para abrir um novo sistema de gerenciamento de lixo no mar, indiferente se for feito através de nossos navios ou via um sistema que possa ser disparado para qualquer navio em operação (transporte/cruzeiro/observação). Adicionalmente, nossas unidades móveis não atacam apenas as grandes manchas de lixo, mas também comunidades isoladas (ilhas), poluições emergenciais (derramamento de óleos, degradações costeiras pela poluição de plásticos) ou simplesmente utilizadas como plantas móveis de produção de energia verde em áreas costeiras que precisam gerenciamento de descarte de plástico e demandam produção de hidrogénio verde.

A contínua operação no mar também abre oportunidades bem-vindas a pesquisadores e observadores, vamos dedicar uma parte especial de nossos navios para este tipo de operação.

Finalmente, minha visão é também a de hospedar encontros intergovernamentais sobre as mudanças climáticas no Oceano, a bordo dos navios GAIA FIRST, assim como participar de eventos internacionais.


oPONTO NEWS: - Quanto dinheiro e tempo para ter o primeiro navio a começar a limpeza do GPGP?

Gianni: A pedra fundamental é completar a fase de R&D (Pesquisa & Desenvolvimento). Isto será alcançado em dezembro de 2022 e se os fundos necessários forem obtidos este mês, 750 mil euros. Após esta fase virá a “realização” que demandará adicionais 15 a 18 meses e alguns milhões de euros, dependendo da identificação do navio a ser adaptado ou modificado. Este fase será conduzida através de uma empresa voltada para o lucro, para ser possível aceitar Capital de Risco (Venture Capital) para levantar os fundos necessários.


oPONTO NEWS: - Você já tentou implementar um escritório da GAIA FIRST em Portugal? Como tem sido sua experiência aqui em relação ao projeto e ações de limpeza e a vertente H2?

Gianni: atualmente GAIA FIRST não está presente em Portugal, mas definitivamente é importante estar. Precisamos ser vistos o mais amplamente possível, e precisamos apoiadores porque precisamos suporte financeiro para avançar rapidamente, porque o relógio do meio ambiente está marcando.


Bem, e como somos oficialmente uma ONG registada na França, todas as participações neste estágio serão classificadas como doação e assim significarão vantagens de benefícios fiscais.

Ao mesmo tempo, quem participar da operação de fundo, nesta fase, se beneficiará do acesso à participação de Venture Capital na segunda fase da operação.


CONTATO COM GAIA FIRST Org: www.gaiafirst.org contact@gaiafirst.org

 


“O Hidrogénio é a opção chave para a transição energética. Entretanto, até hoje 95% do Hidrogénio vem de combustíveis fósseis. Inovadores ao redor do mundo estão criando soluções para incrementar a produção de Hidrogénio verde de fontes renováveis, ou lixo marinho".

H2BLUE.info by Luís Peazê

 

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