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Foto do escritorLuís Peazê

Psitext a piscotext-análise da notícia I

Atualizado: 24 de jul.


Fica assim lançada a primeria psicanálise da Notícia, tardiamente talvez, mas todas as psicanálises são tardias, infelizmente. Espero que juntos recuperemos o paciente. Cada "like" ou "dislike", comentário e compartilhamento será uma grande ajuda, suporte psicológico para a sofrível Notícia. Se o leitor puder apoiar também o Jornalista, ou Influencer, ou qualquer corajoso divulgador de novidades, o ambiente antropocrônico agradece.


Primeira Sessão

A expressão “Luta!”, punho em riste, rosto ensanguentado e um alvoroço sobre o palanque de um comício polítiqueiro nos Estados Unidos nos dão uma perspectiva ótima para o lançamento desta coluna que pretende fazer a psicanálise de certas notícias. É, psicanálise. Tanto dos textos em si, quanto das prováveis leituras.


Em primeiro lugar, analisemos esta talvez irresponsabilidade minha na expressão “comício politiqueiro”. É uma referência depreciativa do evento porque pessoalmente tenho a tendência a rejeitar que um personagem do entretenimento midíatico fútil, herdeiro e impulsionador suspeito de um império imobiliário na Big Apple, Top of the Hill, símbolo romântico da filial da Máfia além mar, tida como a mais monetariamente visível cidade moderna do mundo, um acusado de vários crimes pela justiça do país desta cidade, ser um ex-presidente candidato a novo mandato. Partidos (e simpatizantes) à parte, não tenho absolutamente preferência por nenhum, o fato é que o evento ganhou, com todo o direito, o destaque que merece; uma tentativa de assassinato diante de tamanho público, o mundo todo atento àquele comício. Mundo todo é uma expressão forte, mas cabe bem ali.

E aqui começa a psicologia do texto, deitado no divã já nos dois parágrafos anteriores. Não apenas o texto publicado oficialmente nos jornais, disparado feito bala pelas Agências de Notícias, reproduzido aos quatro ventos. Me refiro aos textos inclusive das mídias sociais; as postagens espontâneas de pessoas interessadas em discutir publicamente suas opiniões. Como andar numa rua movimentada de Copacabana, ou na Estação da Sé, e atirar frases ao ar para ver quantas pessoas conhecidas ou não as ouvem, respondem, divergem, concordam, clicam com seus guarda-chuvas (se estiver chovendo) um sinal de “eu gostei”.


A ressurreição do Ombudsman

Indo finalmente ao ponto do início, quando li a primeira notícia, a primeira mesmo, de tentativa de aniquilar aquele homem, imediatamente fiz a mesma pergunta que comecei e perceber de contatos diversos, de nacionalidades diversas, em regiões extremamente opostas, faixa etárias igualmente.

“Como um atirador de elite, o sniper dos filmes, consegue descobrir de onde veio o tiro na orelha do homem de topete louro arrepiado, mirar e provavelmente perguntar ao seu superior se poderia contra-atacar, dizer “roger that” e apertar o gatilho acertando, matando o jovem deitado com meio corpo apenas visível a 150 metros no telhado de um edifício na direção oposta de onde estava o tal ex-presidente, tudo isso em 36 segundos, conforme foi noticiado?” A segunda pergunta, e ambas continuam ecoando na minha cabeça e em muitas outras conforme vou observando, é: “ninguém viu antes, se viu não avisou, se avisou não foram tomadas decisões para evitar?” Para estas questões, surgiram publicações colhidas, tocos de frases, nas subsequentes entrevistas com os porta-vozes dos serviços de segurança e adjacências, mas nenhuma resposta é ainda aceita, nem por eles mesmos.

A questão aqui, entretanto, é uma associação que a “psicanálise do texto” quer sugerir para todas as notícias, posts, tiktoks, reels e joguinhos do tipo “como seria meu rosto se fosse mais jovem, ou mais velho, rainha, ou galã” e qualquer outra interação sedutiva do ambiente virtual:


Você já se perguntou o que tem por trás, qual o preço desse jantar que apenas parece de graça? É querer muito do leitor médio, inerte às sutilezas lexicais, mas quando lê uma notícia o faz com o espírito crítico? Ãh, será que é isso mesmo? Me interessou, deixa eu ler outras coisas a respeito… É pedir muito também ser um pouco cético?  


Um exemplo, péraí (sim, com dois acentos) dois ou três: - quando lê que o bicheiro tal esteve em algum lugar, ué, o jogo do bicho não é ilegal? Pode alguém ser rico, poderoso, contraventor e andar por aí livremente? Por mim pode, não tenho nada contra o Jogo do Bicho, até gosto e já fiz uma e outra fézinha no 18, porco e no 13, galo. – Outra pergunta, que me ocorreu nesses dias, semelhante àquela tentativa de assassinato, foi o jornal supostamente de maior circulação colocar no topo das manchetes que “o gerente do tráfico…”, péraí! Como assim, o tráfico tem cargos e salários oficialmente, plano de saúde, de carreira? – Outra pergunta, a sigla (impressa em muros da cidade) que emprega esse gerente se refere a uma “organização”, ok, em alguns lugares a palavrinha “criminosa” vem ali para completar o sintagma, mas se sabemos onde ela(s) está(ão), se os jornais sabem, o nosso Serviço de Segurança não sabe? Seria então como aquele aparato todo na Pensilvânia, inepto, inócuo?


Lembro aqui uma declaração do amigo Alberto Dines (in memoriam), que me recebeu em sua casa em São Paulo para lhe presentear o meu Crônico – a origem do gênero crônica, livrinho com orelha do imortal acadêmico Antônio Torres, livrinho utilizado na Cásper Líbero, e em várias universidades pelo Brasil afora, mencionado em teses de mestrado e doutorado em Jornalismo e Letras, livrinho fartamente disponível aqui óh, na www :


“Todo Jornalismo é investigativo, ou não é Jornalismo. Daí, o que lemos, ouvimos e vemos todos os dias na imprensa não é Jornalismo, (…) o que sobra da mídia diária é o que o olho do público vai buscar nas entrelinhas, (…) se cria um público dispersivo, apático, incapaz de reagir ou questionar, (…) produz-se midiotas, negligentes e distraídos”.

Então deveria o ombudsman ressurgir talvez com novo dress code? O PsiText, a psicotexto-análise, tentará contribuir com essa perspectiva. Abordar um conceito criado por este observador que sugere, em três linhas, o seguinte:


Nunca a Crônica genuina foi tão necessária, como nesta era da comunicação multisensorial (a AI está longe de alcançar o que alcança a sinapse cerebral) era da disrupção (também) da linguística, do risco iminente e real da fractalização negativa. Um fractal, amostra do todo, se não for cuidadosamente contextualizado, será negativo, equivalente à uma falsa informação, a fake news.


E a fake news muitas vezes é criada pelo leitor descuidado, que não exercita a psicanálise do texto.



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