Não fique em casa, se
Vídeo independente de Ivo Sousa, IT da Fábrica das Palavras, Vila Franca de Xira, Portugal.
Conhecendo o Ivo, percebi que o vídeo é um apelo verdadeiro e foi produzido como o Ivo mesmo é, com delicadeza e altruísmo genuino. E aqui vai o que me ocorreu, assistindo o vídeo.
Se você pensa que é corajoso, e não será infectado de forma alguma, pelo COVID-19, e, além de pensar que é invulnerável, também não se importa com quem quer que seja que você poderá infectar, e matar, então não fique em casa, na Páscoa e até que isso tudo acabe, quando acabar.
Arrisque a sua saúde, a sua vida, e a saúde, sofrimento e vida de pessoas que você nem conhece, ou vá além, arrisque a vida de pessoas que você goste. Não fique em casa, enquanto durar essa brutalidade psicossocial, de saúde planetária, econômica e comercial, geopolítica, essa guerra invisível. Seja intransigente contra isso tudo e não fique em casa. Ande por aí, ande a esmo, saia, toque com as mãos em tudo, nos corrimãos, nos portais, nas caixas eletrônicas de bancos, nos carrinhos de supermercados, passe a mão em tudo, cheire, pode ser a uma distância de um passo, encontre outros que pensam como você e abrace-os, faça uma festa mental de liberdade irrestrita, o mundo agora é seu, faça o que quiser com ele.
Não ficar em casa significa ter absoluta certeza e conhecimento científico, matemático, de política e inteligência internacional e de medicina, que não é ciência – ah, você pensava que a medicina é uma ciência? É uma arte –, não ficar em casa é ter certeza que esta pandemia não é real, não é letal, nem se importa se é fatal em apenas menos de 10% dos infectados aleatórios, e nem calcula que se houver massa crítica de pessoas que pensam como você esse percentual pode crescer, aumentar, chegar perto de atingi-lo.
Ah, você é fatalista, que diz que um dia vai morrer e ninguém sabe quando vai morrer então a vida é para ser gozada no seu máximo. Você goza a vida? Gozava bastante, com esta coragem toda antes do dia 1 do COVID19? Hoje, 100 dias do COVID19 e segundo a tabulação da Organização Mundial da Saúde que sabe exatamente (permita-me um pouco de ironia neste ponto), a OMS sabe exatamente quantos estão infectados e morreram pela inoculação do COVID19, todos os governos do mundo são 100% eficientes e fornecem dados corretos integrais e íntegros do número de infectados e mortos pelo COVID19. – Foi assim, num determinado dia o COVID19 resolveu aparecer, com hora marcada.
Se você é irônico como eu e sai de casa com essa ironia corajosa e sente-se invulnerável, você é mais anarquista e valente do que Alekos Panagoulis, romanceado por Oriana Fallaci em O Homem, o político Grego que rompeu com todos e até ameaçou explodir a si mesmo amarrado à Acropolis, para provar que estava certo.
Na verdade, eu penso um pouco como você, estou lutando contra mim mesmo, irritado com a minha ignorância e incapacidade de lidar com essa pandemia virótica de alcance psicológico, repito, socioeconômico e geopolítico, transfronteiriço. Aliás, o conceito de Aldeia Global nunca esteve tão materializado quanto hoje.
Recebo diariamente briefing de 10 agências de notícias que mantenho meu email inscrito, como correspondente internacional independente; recebo boletins diários, várias vezes, de Agências da ONU, incluindo a OMS, IMO, UNESCO, FAO, OMC. Também visito website de institutos de pesquisa, laboratórios de renome internacional, até as páginas de prefeituras eu tenho visitado, na minha localidade e de meus parentes e amigos mais chegados, em Portugal, no Brasil e Estados Unidos, e tenho o hábito, como Eça de Queirós, de varrer os jornais antes e durante o café da manhã, para perceber o que as “headlines” querem que nós, ignorantes, acreditemos. Mas eu sempre tento ler nas entrelinhas, sei como essas manchetes são construídas, sei o que se aprende nas faculdades de comunicação, jornalismo e marketing, e como os bacharéis, mestres e doutores aplicam aquele conhecimento, ou não. Sei o quanto custa apertar um botão e fazer uma rotativa imprimir um rolo de mais de uma tonelada de papel jornal (eu já trabalhei numa fábrica de papel e em vários jornais impressos), e sei também como são publicadas as notícias virtuais, na Internet, nas várias mídias eletrônicas. Do outro extremo eu não sei bem como é, no meio político, tenho dificuldade para acreditar, fico com receio de confiar a minha vida, o meu dia a dia, as minhas decisões e os meus sonhos. Quero sair de casa pelo simples fato de que “não querem que eu saia”, sou como você, talvez. Não que eu espere que você visite todos os ambientes online que eu visito para formar a sua opinião, por isso acho que somos diferentes. Porque após acompanhar todas essas fontes de informação, me sinto incapaz de ameaçar a pessoa que mais amo, ao meu lado. Eu mesmo não teria o menor receio de sair por aí e arriscar. Mas a pessoa que eu amo? Agora, se você não ama ninguém, então o seu problema não é o COVID-19, é realmente lamentável.
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